Espetáculo coloca a periferia em foco e cria uma reflexão sobre os muros que crescem sem parar.
Em uma reflexão sobre os territórios urbanos e a experiência de se viver na periferia de Parelheiros, distrito da zona sul de São Paulo, o Núcleo Parelha apresenta seu trabalho inédito, Parelha - Um Olhar Sobre a Realidade" até o final de 2025.
O espetáculo tem sessões na Laje Cultural Núcleo Parelha, no Restaurante da Marlene e na Praça Júlio César de Campos.
Foto: Cristhiane Evangelista
O espetáculo, que mistura teatro, música autoral, audiovisual e memória viva da periferia, nasceu de uma experiência vivida pelas artistas Maria José Alves e Dionísia Gonçalves, que se formaram pela Escola Livre de Teatro de Santo André e vivem juntas na periferia de Parelheiros desde 2019.
Certo dia, durante a pandemia de Covid-19, a vizinha das artistas resolveu subir um muro demarcando o seu território.“O muro revelou-se não apenas como algo físico, mas também simbólico, como um limite histórico, político e territorial. E isso nos impulsionou a investigar: ‘Do que é feito um território?’. Em Parelheiros, a neblina nos visitava quase todos os dias, mudando o clima de uma hora para outra. Entre sol, chuva e frio, ensaiávamos na laje, cercadas de vizinhos curiosos. Tijolos viraram instrumentos, blocos e rebocos viraram cena. Entre músicas, saltos e improvisos, ressignificamos aquele espaço comum, rindo e chorando, mas sempre criando em liberdade”, revela Gonçalves.
“O nome da peça faz referência às corridas de cavalos que batizaram o bairro, e, de certa forma, é uma homenagem a essa região que completou 198 anos em 2025. Mas, ao mesmo tempo, afirma: ‘Não somos cavalos ensinados a andar em parelha. Foi como se dois cavalos nos atravessassem: um que lembrava o passado do território, outro que revelava as lutas do presente. Daquela laje começamos a estudar Parelheiros e nunca mais fomos as mesmas. Travamos batalhas diárias por este lugar, porque acreditamos que há territórios que precisam ser contados”, complementa Alves.
Na peça, o público conhece a história de dois cavalos, Santa Cruz e Parelheiros, que correm sem parar há 197 anos em um dos distritos mais sucateados de São Paulo. E, em uma laje na periferia da região, as contadoras Fena e Cambuci não só falam sobre esses dois cavalos, mas também traçam um campo de jogo revelando aos poucos algumas histórias desse lugar.
Prestes a completar seu aniversário de 198 anos, Parelheiros (vulgo cavalo doido) decide parar de correr pela primeira vez, e consegue finalmente olhar para os lados. Sua decisão gera um conflito terrível com o seu irmão Santa Cruz (vulgo cavalo Pangaré). A montagem convida o público a refletir: o que o cavalo Parelheiros viu nesse lugar de promessas e de muitos muros que crescem sem parar? Seria possível ultrapassar esses muros?
O espetáculo é possível graças ao projeto contemplado pela 9ª Edição do Programa de Fomento à Cultura da Periferia da Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa.
Com o trabalho, o Núcleo Parelha consolida-se como coletivo que atua a partir da periferia e para a periferia, invertendo as rotas artísticas que costumam privilegiar os centros urbanos. Sua missão é poetizar a realidade de corpos periféricos, racializados, LGBTQIAPN+ e historicamente invisibilizados.
Ficha Técnica
Concepção, Atuação e Música em Cena: Dionísia Gonçalves e Maria José Alves.
Direção: Juliana Pardo e Alício Amaral (Cia Mundu Rodá)
Dramaturgia: Cristiane Sobral e Núcleo Parelha.
Direção Musical: Gregory Slivar
Trilha Sonora e Composição: Dionísia Gonçalves
Preparação Vocal: Dionísia Gonçalves
Construção Baixo-Cello de Lata: Gregory Slivar e Wanderley Wagner
Construção Flauta PVC: Júlio César (Instrumentos Alternativos)
Preparação Corporal: Juliana Pardo e Alício Amaral (Cia Mundu Rodá)
Criação e Operação de Luz: Kenny Rogers
Assistente de Iluminação: Bianca Pereira
Criação e Concepção de Cenário: Wanderley Wagner e Núcleo Parelha
Concepção de Figurino: Macarena Rozic (Reviver Ateliê)
Hairstyle: Mestiça
Fotografia Laje: Kenny Rogers
Fotografia Programa e Redes Sociais: Noelia Nájera
Doc - Filme Parelha 2023 - Direção Audiovisual: Flavio Barollo
Designer Gráfico: Adi Alves
Social Mídia: Cristhiane Evangelista
Cenotecnia e Som: Gilson Lande
Consultoria Musical: Gilson Lande
Consertos e Manutenção Técnica: Luthieria Fênix Sg
Intérpretes de Libras: Nzambiapongo e Tamy Guimarães
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Produção Geral: Núcleo Parelha
Produção de Campo: Silmara Garcia
Assessoria Contábil: Juliana Santana
Realização: Núcleo Parelha
PARELHA – UM OLHAR SOBRE A REALIDADE
Ingressos: Gratuito | É preciso se inscrever por meio do formulário disponibilizado no Instagram do núcleo @parelha.projeto
Como chegar: Uma van transporta os espectadores direto da estação de trem Vila Mendes Natal ou da Praça Júlio César de Campos (informações passadas na semana via grupo WhatsApp).
Classificação: 14 anos
Duração: 60 minutos
Laje Cultural Núcleo Parelha
Temporada: 18 a 26 de Outubro
Horário: Sábados e Domingos, às 16h30
Local: Rua Eloy Domingues da Silva, 235 – Jd. Novo Parelheiros
Restaurante da Marlene
Temporada: 22 a 30 de Novembro
Horário: Sábados, às 20h | Domingos, às 19h
Local: Estr. Ecoturística de Parelheiros, 6455 - Parelheiros
Praça Júlio César de Campos
Temporada: 06 a 14 de Dezembro
Horário: Sábados e Domingos, às 19hs
Local: Praça Júlio César de Campos - Parque Tamari
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